24 de maio de 2006

Disse-te adeus

Letra: Manuela de Freitas
Música: Frederico de Brito (Fados dos Sonhos)

Disse-te adeus não me lembro
Em que dia de Setembro
Só sei que era madrugada
A rua estava deserta
E até a lua discreta
Fingiu que não deu por nada

Sorrimos à despedida
Como quem sabe que a vida
É nome que a morte tem
Nunca mais nos encontrámos
E nunca mais perguntámos
Um p'lo outro a ninguém

Que memória ou que saudade
Contará toda a verdade
Do que não fomos capazes
Por saudade ou por memória
Eu só sei contar a história
Da falta que tu me fazes

Velho fado corrido

Letra: ?
Fado: ?

Velho fado corrido
Se foste dos mais bairristas
Porque é que te mostras esquecido
Na garganta dos fadistas

Contou-me um velho amigo
Como o fado era tratado
Tinha graça o fado antigo
Da forma que era cantado

Um ramo de loiro à porta
Indicava uma taberna
À noite era uma lanterna
Com sua luz quase morta

E como ao fado tudo importa
Foi sempre da taberna amigo
Do infeliz ao mendigo
Da desgraça e da miséria
Também tinha gente séria
Contou-me um velho amigo

Sobre os cascos da vinhaça
Deitada de forma bizarra
Estava sempre uma guitarra
Para servir de negaça

E um canjirão da murraça
De tosco barro vidrado
Andava sempre colado
Aos copos pelo balcão
E era assim nesta função
Que o fado era cantado

Se aparecia um tocador
Às vezes até zaranza
Pedia ao tasqueiro a banza
Para mostrar seu valor

Logo havia um cantador
Que num tom de certo perigo
Provocava o inimigo
No cantar à desgarrada
Até às vezes com lambada
Tinha graça o fado antigo

Todos prestavam sentido
Quando alguém cantava o fado
O tocar era arrastado
E o estilo dava a garganta
Pouco tempo decorrido
Cheia a taberna se via
Para escutar a cantoria
Ao som do fado corrido

Escutei com atenção
Um cantador do passado
E a sua linda canção
Prendeu-me para sempre ao fado

Por muito que se disser
O fado é canção bairrista
Não é fadista quem quer
Mas sim quem nasceu fadista