21 de julho de 2006

Tudo isto é Fado

Letra: Fernando Carvalho
Música: Aníbal Nazaré
Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Eu disse que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
E disse que não sabia
Mas vou-te dizer agora

ESTRIBILHO

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Se queres ser meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Não me fales só de amor
Fala-me também do fado
É canção que é meu castigo
Só nasceu p'ra me perder
O fado é tudo o que eu digo
Mais o que eu não sei dizer

ESTRIBILHO

Cavalo Baio

Letra: Maria Manuel Cid
Musica: Fado Triplicado

Fui dali, da minha terra
À Feira de Salvaterra
Comprar um cavalo baio
Tem a pele muito fina
Tem muito sedosa a crina
E palheta como um raio

Fui depois a Vila Franca
Para ver como ela arranca
À cabeça da manada
E no Colete Encarnado
Com ele à frente do gado
Não houve rés tresmalhada

À Chamusca fui um dia
Para que o Mestre Zé Maria
O levasse a tourear
E quinta-feira de Espiga
Sem tentar nenhuma briga
Foi uma tarde de pasmar

Certo dia de manhã
Fui à feira da Golegã
Como era o meu desejo
E tive a prova final
Que o meu Baio era afinal
O melhor do Ribatejo

24 de maio de 2006

Disse-te adeus

Letra: Manuela de Freitas
Música: Frederico de Brito (Fados dos Sonhos)

Disse-te adeus não me lembro
Em que dia de Setembro
Só sei que era madrugada
A rua estava deserta
E até a lua discreta
Fingiu que não deu por nada

Sorrimos à despedida
Como quem sabe que a vida
É nome que a morte tem
Nunca mais nos encontrámos
E nunca mais perguntámos
Um p'lo outro a ninguém

Que memória ou que saudade
Contará toda a verdade
Do que não fomos capazes
Por saudade ou por memória
Eu só sei contar a história
Da falta que tu me fazes

Velho fado corrido

Letra: ?
Fado: ?

Velho fado corrido
Se foste dos mais bairristas
Porque é que te mostras esquecido
Na garganta dos fadistas

Contou-me um velho amigo
Como o fado era tratado
Tinha graça o fado antigo
Da forma que era cantado

Um ramo de loiro à porta
Indicava uma taberna
À noite era uma lanterna
Com sua luz quase morta

E como ao fado tudo importa
Foi sempre da taberna amigo
Do infeliz ao mendigo
Da desgraça e da miséria
Também tinha gente séria
Contou-me um velho amigo

Sobre os cascos da vinhaça
Deitada de forma bizarra
Estava sempre uma guitarra
Para servir de negaça

E um canjirão da murraça
De tosco barro vidrado
Andava sempre colado
Aos copos pelo balcão
E era assim nesta função
Que o fado era cantado

Se aparecia um tocador
Às vezes até zaranza
Pedia ao tasqueiro a banza
Para mostrar seu valor

Logo havia um cantador
Que num tom de certo perigo
Provocava o inimigo
No cantar à desgarrada
Até às vezes com lambada
Tinha graça o fado antigo

Todos prestavam sentido
Quando alguém cantava o fado
O tocar era arrastado
E o estilo dava a garganta
Pouco tempo decorrido
Cheia a taberna se via
Para escutar a cantoria
Ao som do fado corrido

Escutei com atenção
Um cantador do passado
E a sua linda canção
Prendeu-me para sempre ao fado

Por muito que se disser
O fado é canção bairrista
Não é fadista quem quer
Mas sim quem nasceu fadista

3 de fevereiro de 2006

Carmencita

Fado: ?
Letra: Frederico de Brito (ajuda da Rita)

Chamava-se Carmencita
A cigana mais bonita
Do que um sonho, uma visão

Diziam que era a cigana
Mais linda da caravana
Mas não tinha coração

Os afagos e carinhos
Perdeu-os pelos caminhos
Sem nunca os ter conhecido

Anda buscando a aventura
Como quem anda à procura
De um grão de areia perdido

Numa noite de luar
Ouviram o galopar
De dois cavalos fugindo

Carmencita, linda graça
Renegando a sua raça
Foi atrás de um sonho lindo

Com esta canção magoada
Se envolve no pó da estrada
Quando passa a caravana

Carmencita, Carmencita
Se não fosses tão bonita
Serias sempre cigana

3 de janeiro de 2006

Blog do dia: Fadinhos

Mui honrado me senti ao saber que o nosso humilde Blog da Tradição tinha sido nomeado Blog do dia: Fadinhos...

Espero desta maneira ter mais visitantes ávidos de contribuírem com as letras que conhecem.

Relembro que as letras devem ser enviadas para manuel_marcal@hotmail.com e de preferência com o nome do poeta e do fado onde o poema é cantado…

Fico à espera desse chuva de mails.

Marçal

Não é desgraça ser pobre

Letra e música Norberto Araújo
Fado menor do porto

Não é desgraça ser pobre,
Não é desgraça ser louca:
Desgraça é trazer o fado
No coração e na boca.

Nesta vida desvairada,
Ser feliz é coisa pouca.
Se as loucas não sentem nada,
Não é desgraça ser louca.

Ao nascer trouxe uma estrela;
Nela o destino traçado.
Não foi desgraça trazê-la:
Desgraça é trazer o fado.

Desgraça é andar a gente
Se tanto cantar, já rouca,
E o fado, teimosamente,
No coração e na boca.